5.4.06

Peça: 24. Trecho de uma conversa ouvida entre porões sem esquecimento

- Diremos que se matou porque era um fraco.

- Ninguém acreditará.

- Diremos que se matou para não delatar seus comparsas.

- Ninguém acreditará.

- Diremos então que se matou para proteger a família.

- Mas ninguém acreditará.

- Então diremos que se matou e só. Depois confiemos na força das armas que nos escondem e do profundo murmúrio silencioso que sai destes porões.

- Ninguém acreditará, mas é isso o que faremos.

E, verdadeiramente, ninguém acreditou.

15 comentários:

Anônimo disse...

Que prazer passar por aqui e encontrar uma nova peça.
Suas letras sempre me levam a um mergulho interior e lá permaneço
por muito tempo.
BJOS.

Anônimo disse...

tão cedo, e o Museu já aberto e com peça nova. eficiência nota 10! uma pergunta em mim recusa-se a aceitar o silêncio: alguém, verdadeiramente, acredita em alguma coisa? ... prazer imenso revê-lo. cum deus, velho. forte abraço!

Anônimo disse...

é..isso me remete a coisas de triste memória...que pena!! um beijo, e fico feliz em encontrar este museu sempre aberto ..ao contrário dos porões.

Anônimo disse...

diremos: o indivíduo, em um acesso de loucura, suicidou-se com 18 tiros nas costas.

... e todo mundo acreditou nisso.

Nel Meirelles
http://www.falapoetica.blogger.com.br

Anônimo disse...

Herzog.

Cara , não estão faltando o Ringo e o Harrison , mas sim o Ringo e o Macca. O Macca é muito chato pra ser melhor que o Harrison.

Um abraço!

Anônimo disse...

eita! qita! esse me pegou em cheio, theo. em cheio.

beijo e saudade, daqui.

Claudinha ੴ disse...

Então que se diga que se matou por conveniência, para que nós outros pudéssemos sair ilesos desta vez.

Passando para visitar o museu centenário. Beijo.

Marco disse...

E que a morte dele pese como chumbo. Espalhe-se como o negror da escuridão. Exploda em mil sons do silêncio.
Um grande abraço, Théo. Bom chegar aqui e encontrar coisa nova.

Anônimo disse...

Inspirado no(s) Vladimir(es)assassinados pela Ditadura brasileira, né?
Muito, muito bom. Aliás, sou obrigado a ser redundante nas visitas aqui...
abraço meu.
camilo

Edilson Pantoja disse...

Ninguém acreditou nem esqueceu.

Anônimo disse...

Caro Theo: Há mortes e mortes, suicídios e suicídios, crepúsculos e crepúsculos. Os murmúrios silenciosos dizem mujito. Para todos nós. Um grande abraço.

Anônimo disse...

Olá Theo... bom te ver de volta e respirar novamente a poeira desse museu...

Agora descemos ao porão. Muitas coisas interessantes podem ser achadas no porão. Exceto nos tempo de ditadura. Felizmente não acreditam... se acreditassem em tudo seria bem pior... (e a música da epoca bem menos interessante)...

Um grande abraço pra ti

Denis disse...

"Após um banho demorado
'Brown' na cabeça, incenso no ar,
um pouco de perfume françês
minha camisa de cinco reais, xadrex.
No som 'Cocteau', penso você.
Vejo na fresta da boca tua
uma eterna expressão de
"Qual é a tua meu irmão?"
e ainda que duvide
consigo lembrar do cheiro
da tua risada e da
embocadura de tua mudez." (set/97)

'Gio' in memorian

p.s. - invasão de espaço para tentar deletar dores & crenças...
Cheiro, mon ami...

Claudio Boczon disse...

muito bom, sarcástico, denso e sucinto.

abração

Theo G. Alves disse...

meus bons amigos, é sempre bom ter suas leituras por aqui. uma honra e um prazer!

um grande abraço deste, que tem estado tão ausente nos últimos tempos...