9.2.07

Peça: 31: Todo Sempre É Por Agora

Todo sempre é por agora. E a hora inevitável é sempre esta e esta e nunca outra e não a próxima. A hora inevitável, por ora, este caminho de tempo feito de estrelas e pó, de miudezas e esquecimento.

A boca semi-aberta pelo tempo ainda rebrilha como a chaga recém aberta a brotar sangue jovem e ainda viscoso. O tempo é este relógio morto à faca na calçada de casa às quatro horas da manhã. Já quase arborecia um sol de raízes secas e voláteis. As raízes em barro seco são para sempre efêmeras como a voz dos galos.

Todo sempre é por agora como foi infinito o dia de ontem, a hora vazia dos relógios moles de Dali e a mala ainda não feita de Álvaro de Campos: o cansaço do corpo finito no tempo infinito de agora.


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Aproveito para agradecer ao Milton Ribeiro por ter me enviado o famoso questionário do Proust e por ter publicado minhas simplórias respostas em seu espaço, que é dos melhores do universo dos blogues.

19 comentários:

Anônimo disse...

Agora sim uma peça nova. Mestre Theo sabe que o sempre nunca é sempre. O que me falta é aprender isso.

Abração!

Anônimo disse...

Meu caro, se a hora é inevitável, se o tempo é um relógio morto, sua escrita é por demais preciosa, capaz mesmo de surpreender, com toques que beiram o surrealismo, os leitores mais atentos de um Museu de Tudo e de um Todo Sempre (que) é Por Agora, nos reencontros com o infinito e com o infinitivo. Um grande abraço.

Iara Maria Carvalho disse...

Theo menino...
Essa imagem do sol arborecendo e dos relógios moles de Dali me transportaram para outro mundo.
O tempo lhe é um tema precioso, você, dono dele e de (quase) tudo, deus às avessas de nós. mas sempre deus.
Um abração, viu?!

Theo G. Alves disse...

Mut, meu velho,
nos falta sempre muito. É aí que sempre é sempre: na falta.

Abraço, mano. Tô sentindo falta dos nossos papos. E tem dica nova: Feist, mocinha canadense.

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Querido Moacy,
cada vez que leio suas palavras sempre tão generosas sobre o que escrevo, me sinto mais e mais feliz, sobretudo pela admiração e carinho que tenho por você. Me sinto recompensado por uma vida inteira.
Obrigado e um enorme abraço!

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Iara querida,
vivo de me repetir, não tenho jeito :)
Verdade é que sempre é ótimo ter você por aqui, que traz sempre como companhia a poesia (que é seu estado natural).

Um abraço ainda maior pra ti!!

Anônimo disse...

Adorei! Essas personificações que você cria como a "hora vazia", parece ação humana. Não é o que eu digo; meu amigo titã das águas tórridas e doloridas do seridó. Um beijo na alma. Miss Eme

Theo G. Alves disse...

Eme,
muito obrigado por sua gentileza...
há pouco de não humano nas horas...
beijo grande!!

Anônimo disse...

Oi, Théo,
Texto lindo, como sempre.Poeta, é outra coisa!
Fazia tempo que eu não aparecia por aqui, pensava até num "descanso" do amigo.
Coisa essa, que por mais que seja merecida, sempre nos afeta, pois ficamos carentes de suas maravilhosas ofertas escritas.

Abração
fernando cals

Marco disse...

Eita, que o homi voltou inspirado!
Sua poesia estava fazendo falta, amigo Theo...
um abraço!

Anônimo disse...

Nessa infinitude do agora, cá estou, meu caro Theo, lendo e relendo esse seu texto, querendo dizer algo, mas preso à finitude das palavras (minhas)... Todavia estou conformado, pois se tecesse um comentário à altura, eu já não seria um Aldenir, mas um Theo.
Grande abraço.

Theo G. Alves disse...

Fernando, meu caro, estive um tanto, ainda estou outro tanto, "exilado"... a vida real, prática, cotidiana e nítida... à medida do possível estou tentando retomar a vida nos blogues, visitar os amigos, essas coisas...
tem sido dificil, mas tenho tentado...

suas palavras sao sempre muito fraternas, meu caro. assim como este abraço que te mando!

Theo G. Alves disse...

Marco,
bondade sua, bondade sua.
É sempre bom te-lo por aqui!

Abraço grande!

Theo G. Alves disse...

Aldenir,
você é a grande figura pra muitos de nós por aqui.
As minhas palavras são mais que finitas, tanto que se repetem o tempo todo.

Abraço, grande balu!
Vamos ver se a gente se encontra esses dias por estas terras!

Silvia Chueire disse...

O tempo é este relógio morto à faca e a sombra que se elevanta dele e não nos abandona. O que nos redime e nos condena é a palavra, esta sina.

Foi um prazer vir.

Silvia

Anônimo disse...

Caro Theo

"Todo sempre É por Agora" retrata a beleza de um infinito bastante particular seu, sobre esse pobre "rico" tempo que nos resta e que mais do que os outros você sabe registrar sempre agora. Um forte abraço mano!

Theo G. Alves disse...

Silvia,
você parece conhecer bem segredos do tempo e da palavra. Fico contente em te receber aqui neste museu modesto.

Gente como você melhora este lugar.

Um abraço

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Odon, meu caro,
gentilezas suas, gentilezas. Fico contente em merecê-las e agradeço muitíssimo.

Um grande abraço, meu velho!

Theo G. Alves disse...

teste

Theo G. Alves disse...

teste

Anônimo disse...

Theo, depois de um tempo longo, volto ao mundo dos blogs e inicio lendo os posts dos amigos, editados neste período em que estive fora. E o que dizer de posts tão lindos como este "Todo Sempre É Por Agora"? Dizer que ao lê-lo provo a beleza infinita e "por agora" que ele me causa neste exato momento, é pouco, eu sei, mas é assim. Contemplo esse momento de poesia que você ofereceu através de sua palavra. Ah, li com curiosidade suas respostas ao questionário enviado pelo Milton. Lendo-as pensei: que moço raro, de alma de seda, de tanta beleza, se revela em cada uma dessas respostas!! Parabéns e obrigada. Abraço.

Theo G. Alves disse...

Marilena,
sua volta a estas paragens é recebia como um imenso presente. Eu fico contente e desejoso de ser merecedor de um olhar tão delicado e generoso como o seu. É esse olhar generoso que transforma a juta de minha alma em seda tão delicada.
Um abraço de quem sentiu saudades.